segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A ORAÇÃO EFICAZ

1Rs 18.42b-45 “Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou por
terra, e meteu o seu rosto entre os seus joelhos. E disse ao seu moço:
Sobe agora e olha para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse:
Não há nada. Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E sucedeu que, à
sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um
homem, subindo do mar. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe:
Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe. E
sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento,
e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel”.

A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor. Além de palavras como
“oração” e “orar”, essa atividade é descrita como invocar a Deus (Sl 17.6). Invocar o nome do
Senhor (Gn 4.26), clamar ao Senhor (Sl 3.4), levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1), buscar ao
Senhor (Is 55.6), aproximar-se do trono da graça com confiança (Hb 4.16) e chegar perto de Deus
(Hb 10.22).

MOTIVOS PARA A ORAÇÃO.

 A Bíblia apresenta motivos claros para o povo de Deus orar.
(1) Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore. O mandamento para orarmos vem através dos
salmistas (1Cr 16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos (Ef 6.17,18; Cl 4.2;1Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus aspira a comunhão
conosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.

(2) A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13). Por isso, depois da ascensão de Jesus, seus seguidores reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (At 1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1.8) no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Quando os apóstolos se reuniram após serem libertos da prisão pelas autoridades judaicas, oraram fervorosamente para o Espírito Santo lhes conceder ousadia e autoridade divina para falarem a palavra dEle.
 “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). O apóstolo Paulo freqüentemente pedia oração em seu próprio favor, sabendo que a sua obra não prosperaria se os crentes não orassem por ele (Rm 15.30-32; 2Co 1.11; Ef 6.18, 20; Fp 1.19; Cl 4.3,4; ver o estudo A INTERCESSÃO).

Tiago declara inequivocamente que o crente pode receber a cura física em resposta à “oração da fé” (Tg 5.14,15).

(3) Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus
cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus se limita às orações santas, de fé e
incessantes do seu povo. Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração
intercessória dos crentes (ver Êx 33.11 nota). Por exemplo: Deus quer enviar obreiros para
evangelizar. Cristo ensina que tal obra não será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de
Deus sem as orações do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua
seara” (Mt 9.38). Noutras palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus propósitos é
liberado somente através das orações contritas do seu povo em favor do seu reino. Se não orarmos,
poderemos até mesmo estorvar a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja coletivamente.

REQUISITOS DA ORAÇÃO EFICAZ.
 Nossa oração para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.

(1) Nossas orações não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira. Jesus declarou
abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc 11.24). Ao pai
de um menino endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10.22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tg 1.6; cf. 5.15).

(2) Além disso, a oração deve ser feita em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio
ao dizer: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13,14). Nossas orações devem ser feitas em harmonia com a pessoa, caráter e vontade de nosso Senhor (ver Jo 14.13 nota).

(3) A oração só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14; ver o estudo A VONTADE DE DEUS).Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10; Lc 11.2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26.42). Em muitos casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele no-la revelou na Bíblia. Podemos ter certeza que será eficaz toda oração realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18.1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18.21-24).

(4) Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da
vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que pedimos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e sua justiça (ver Mt 6.33 nota). O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1Jo 3.22 nota). Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às orações. Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida reta, obediente e temente a Deus — tal qual o profeta Elias (Tg 5.16-18; Sl 34.13,14). O AT acentua este mesmo ensino. Deus tornou claro que as orações de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senhor e da sua lealdade a Ele (ver Êx 33.17 nota). Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas orações (Sl 66.18; ver Tg 4.5 nota). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as orações dos israelitas idólatras e ímpios (Is 1.15).
Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete
voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2Cr 7.14; cf. 6.36-39; Lc 18.14). Note
que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não
seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êx 26.33 nota; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO).

(5) Finalmente, para uma oração eficaz, precisamos ser perseverantes. É essa a lição principal da
parábola da viúva importuna (Lc 18.1-7; ver 18.1 nota). A instrução de Jesus: “Pedi... buscai...
batei”, ensina a perseverança na oração (ver Mt 7.7,8 nota). O apóstolo Paulo também nos exorta à
perseverança na oração (Cl 4.2 nota; 1Ts 5.17 nota). Os santos do AT também reconheciam esse
princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em oração com suas mãos
erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êx 17.11 nota).
Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em oração até a chuva
começar a cair (18.41-45). Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e
fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Sarepta, até que sua oração foi
atendida (17.17-23).

PRINCÍPIOS E MÉTODOS BÍBLICOS DA ORAÇÃO EFICAZ.

(1) Quais são os princípios da oração eficaz?
(a) Para orarmos com eficácia, devemos louvar e
adorar a Deus com sinceridade (Sl 150; At 2.47; Rm 15.11; ver o estudo O LOUVOR A DEUS. (b) Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a ação de graças a Deus (Sl 100.4; Mt 11.25,26; Fp 4.6). (c) A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à oração da fé (Tg 5.15,16; Sl 51; Lc 18.13; 1Jo 1.9). (d) Deus também nos ensina a pedir de acordo com as nossas
necessidades, segundo está escrito em Tiago: deixamos de receber as coisas de que precisamos, ou
porque não pedimos, ou porque pedimos com motivos injustos (Tg 4.2,3; Sl 27.7-12; Mt 7.7-11; Fp 4.6). (e) Devemos orar de coração pelos outros, especialmente oração intercessória (Nm 14.13-19; Sl 122.6-9; Lc 22.31,32; 23.34; ver o estudo A INTERCESSÃO).

(2) Como devemos orar? Jesus acentua a sinceridade do nosso coração, pois não somos atendidos
na oração simplesmente pelo nosso falar de modo vazio (Mt 6.7). Podemos orar em silêncio (1Sm
1.13) ou em voz alta (Ne 9.4; Ez 11.13). Podemos orar com nossas próprias palavras, ou usando
palavras diretas das Escrituras. Podemos orar com a nossa mente, ou podemos orar através do
Espírito (i.e., em línguas, 1Co 14.14-18). Podemos até mesmo orar através de gemidos, i.e., sem
usar qualquer palavra humana (Rm 8.26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos
inaudíveis. Ainda outro método de orar é cantar ao Senhor (Sl 92.1,2; Ef 5.19,20; Cl 3.16).
A oração profunda ao Senhor será, às vezes, acompanhada de jejum (Ed 8.21; Ne 1.4; Dn 9.3,4; Lc 2.37; At 14.23; ver Mt 6.16 nota).

(3) Qual a posição apropriada, do corpo, na oração? A Bíblia menciona pessoas orando em pé (8.22; Ne 9.4,5), sentadas (1Cr 17.16; Lc 10.13), ajoelhadas (Ed 9.5; Dn 6.10; At 20.36), acamadas (Sl 63.6), curvadas até o chão (Êx 34.8; Sl 95.6), prostradas no chão (2Sm 12.16; Mt 26.39) e de mãos levantadas aos céus (Sl 28.2; Is 1.15; 1Tm 2.8).


A DESTRUIÇÃO DOS CANANEUS

Js 6.21 “E tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio
da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao
velho, até ao boi e gado miúdo e ao jumento.

(1) Antes de a nação de Israel entrar na terra prometida, Deus tinha dado instruções rigorosas
quanto ao que deviam fazer com os moradores dali — deviam ser totalmente destruídos. “Porém,
das cidades destas nações, que o Senhor, teu Deus, te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego
deixarás com vida. Antes, destruí-las-ás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e
aos fereseus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o Senhor, teu Deus” (Dt 20.16,17; cf.
Nm 33.51-53).

(2) O Senhor repetiu essa ordem depois dos israelitas atravessarem o Jordão e entrarem em Canaã.
Em várias ocasiões, o livro de Josué declara que a destruição das cidades e dos cananeus pelos
israelitas foi ordenada pelo Senhor (Js 6.2; 8.1-2; 10.8). Os crentes do novo concerto
freqüentemente argumentam sobre até que ponto essa destruição em massa de seres humanos é
corrente com outras partes da Bíblia como revelação divina, que tratam do amor, justiça de Deus e
do seu repúdio à iniqüidade.

(3) A destruição de Jericó é um relato do justo juízo divino contra um povo iníquo em grau máximo
e irremediável, cujo pecado chegara a atingir sua plena medida (Gn 15.16; Dt 9.4,5). Noutras
palavras, Deus aniquilou os moradores daquela cidade e outros habitantes de Canaã porque estes se
entregaram totalmente à depravação moral. A arqueologia revela que os cananeus estavam
envolvidos em todas as formas de idolatria, prostituição cultual, violência, a queima de crianças em
sacrifícios aos seus deuses e espiritismo (cf. Dt 12.31; 18.9-13; ver Js 23.12 nota).

(4) A destruição total dos cananeus era necessária para salvaguardar Israel da destruidora influência
da idolatria e pecado dos cananeus. Deus sabia que se aquelas nações ímpias continuassem a existir,
ensinariam os israelitas “a fazer conforme todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e
pequeis contra o Senhor, vosso Deus’’ (Dt 20.18). Este versículo exprime o princípio bíblico
permanente, de que o povo de Deus deve manter-se separado da sociedade ímpia ao seu redor (Dt
7.2-4; 12.1-4; ver os estudos A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE e O
RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO).

(5) A destruição das cidades cananéias e seus habitantes, demonstra um princípio básico de
julgamento divino: quando o pecado de um povo alcança sua medida máxima, a misericórdia de
Deus cede lugar ao juízo (cf. 11.20). Deus já aplicara esse mesmo princípio, quando do dilúvio (Gn
6.5,11,12) e da destruição das cidades iníquas de Sodoma e Gomorra (Gn 18.20-33; 19.24-25).

(6) A história subseqüente de Israel confirma a importância desse princípio e da ordem divina de
que todas as nações pagãs fossem destruídas. Na realidade, os israelitas desobedeceram ao
mandamento do Senhor e não expulsaram completamente todos os habitantes de Canaã. Como
resultado, começaram a seguir seus caminhos detestáveis e a servir aos seus deuses-ídolos (ver Jz
1.28 nota; 2.2,17 notas). O livro de Juízes é a história daquilo que o Senhor fez em resposta a essa
apostasia.

(7) Finalmente, a destruição daquela geração de cananeus tipifica e prenuncia o juízo final de Deus
sobre os ímpios, no fim dos tempos. O segundo e verdadeiro Josué da parte de Deus, i.e., Jesus
Cristo, voltará em justiça, com os exércitos do céu a fim de julgar todos os ímpios e de batalhar
contra eles (Ap 19.11-21). Todos aqueles que rejeitarem a sua oferta de graça e de salvação e que
continuarem no pecado, perecerão assim como os cananeus. Deus abaterá todas as potências
mundiais e estabelecerá na terra o seu reino da justiça (Ap 18.20,21; 20.4-10; 21.1-4).


quinta-feira, 25 de abril de 2013

ANJO DA GUARDA


Reconhecemos que os anjos são seres elevados, independentes. Existem, porém, anjos que não guardaram o seu principado, antes abandonaram o seu próprio domicí­lio e, por isso, o "Senhor os tem reservado em trevas, com cadeias eternas para o juí­zo do grande dia", Jd v.6.
Encontramos, também, outros lugares na Bíblia, em que se fala desse assunto.
Existem anjos que são maus e procuram prejudicar os homens; há, igualmente, hostes de anjos bons, criados por Deus e postos para o servir. Eles voluntariamente, servem a Deus e estão sempre juntos do seu trono, para fazerem a sua vontade.
Salientamos, que não nos é permitido adorar anjos. Está escrito, a respeito de João. que um dia se prostrou diante do anjo que lhe concedera a revelação maravi­lhosa. O anjo, porém, lhe disse: "Vê, não faças tal? Sou servo contigo e com os teus irmãos... adora a Deus". Os colossenses er­raram grandemente nesse assunto, pois prestaram culto aos anjos. Não podemos assim proceder. Todavia, não rejeitamos a verdade bíblica sobre as hostes do anjos com as quais os primeiros cristãos tiveram relação íntima.
De fato, Deus tem miríades de anjos, que incumbiu de trabalhos diversos, que têm a cumprir em relação a nós, os ho­mens. Portanto, não é extraordinário que Deus possa controlar tudo e cuidar dos nossos interesses, até do menor detalhe de nossa vida.
O mundo de Deus é como uma grande empresa. Existe um chefe, que entrega os detalhes para os muitos que são seus auxiliares. Deus tem de cuidar de um mundo imenso de anjos, que executam a sua von­tade. Na administração mundial de Deus, os seres celestiais ocupam um grande e im­portante lugar.
Sobre a questão, Jesus fala do grande perigo de seduzir alguns dos pequeninos, porque, diz Ele: "Os seus anjos, nos céus, vêem sempre a face de meu Pai celestial". O que queria salientar era: "Guarda-te para não te fazeres algum mal, pois os an­jos de Deus sempre se mantêm em íntima relação com o meu Pai, no Céu, e Ele te fará ajustar contas". Os anjos têm comunica­ção com o Céu, dando informações a Deus sobre o alguém que lhe foi entregue para seguir, guiar e auxiliar.


O ministério dos anjos
A Palavra de Deus diz especialmente que os anjos foram "enviados para exercer o ministério a favor dos que hão de herdar a salvação". Notamos que, quando se fala da salvação do homem, geralmente os an­jos estão incluídos.
Podemos ainda observar, pela Bíblia, a presença de anjos em relação à manifesta­ção de Jesus na Terra! Eles anunciaram o seu nascimento; estiveram presentes quando Ele nasceu; entregaram a mensa­gem aos pastores, e uma multidão do seu exército louvou a Deus nos campos de Be­lém. Os anjos revelaram-se no tempo da meninice de Jesus e instruíram seus pais como deviam fazer para escapar dos seus inimigos. Nas ocasiões importantes da vida de Jesus, como na tentação no deser­to, durante a luta no Getsêmane, na res­surreição e na ascensão, Ele foi servido pe­los anjos. E o próprio Jesus, falando a Natanael, disse que assim aconteceria: "Vereis o céu aberto e anjos de Deus, subindo e descendo sobre o Filho de Deus". No mi­nistério terreno de Jesus, estava o Céu aberto e os anjos em atividade; por ocasião do seu aparecimento e durante a sua vida.
Quando os discípulos estavam encarce­rados, vieram os anjos e os libertaram. Paulo, certa ocasião, sofreu um naufrágio, e um anjo, que estava ao seu lado, à noite, disse que Deus salvaria tanto a sua vida como a dos seus companheiros.
O trabalho dos anjos visa, de fato, aju­dar, proteger e guardar aqueles que têm suas vidas nas mãos de Deus.
Tratando-se da salvação, vemos que os anjos, vez após outra, aparecem. Quando o Evangelho foi pregado pela primeira vez aos gentios, os anjos lá estavam. Veio um anjo à casa de Cornélio e disse-lhe a quem deveria chamar e onde, a fim de ouvir o Evangelho vivo. No tempo em que Filipe estava em Samaria, veio um anjo a ele e disse: "Levanta-te a vai em direção sul, ao caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto". Filipe creu e deixou-se guiar pela mensagem do arauto celeste, e, assim, tornou-se instrumento para a sal­vação do tesoureiro da corte etíope. Ao fin­dar a sua luta pela fé, Lázaro, segundo as palavras de Jesus, foi conduzido pelos an­jos ao seio de Abraão. Ao ser redimida a alma do corpo, pertence aos anjos a tarefa da sua condução até o Céu.
Jesus diz, no capítulo 15 de Lucas, que haverá alegria entre os anjos de Deus por um pecador que se converter. Eles são os fiéis da Casa do Senhor, e acompanham os filhos de Deus com muito interesse.
Nossos primeiros passos, no caminho da salvação, são observados pelos anjos, pois foram incumbidos de seguir-nos até chegarmos ao fim. O dever das hostes angelicais, em relação aos salvos, é o de pro­teger, guardar, acompanhar e conduzi-los, por fim, ao Céu.

A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS


As dez virgens da parábola proposta por Jesus em Mateus 25.1-13, representam duas fases da nossa vida espiritual. A fase da vigilância, da preparação, da esperança e até mesmo da ansiedade pelas coisas es­pirituais, e a fase da dormência, do despreparo, do descaso e até do abandono, que caracterizam um estado espiritual deca­dente. Dessas fases podem decorrer o al­cance da glória de Deus ou a rejeição final: Ap 20.15. Com este mesmo ensino há ou­tras parábolas que devem ser observada. Necessário se faz notar que havia nas dez uma "semelhança" com o reino de Deus. As prudentes se assemelhavam mais do que as néscias. Todavia as prudentes al­cançaram o prêmio da sua dedicação e pre­paração, entrando para as bodas.
As outras foram rejeitadas. Embora fossem assim todas virgens, todas damas de honra, as néscias não valorizaram o convite a ponto de prever uma "demora" do noivo e a necessidade de levar bastante azeite para as lâmpadas, isto é, de manter a perseverança e a fidelidade doutrinária (2 Pe 3.4)', igrejas há que continuam pre­gando o Evangelho, promovendo estudos bíblicos, realizando congressos de mocidade, mas estão inteiramente afastadas das doutrinas básicas que demonstram a real transformação que o crente recebe ao acei­tar a Cristo. Já não praticam as "primeiras obras", Ap 2.3-5. As lâmpadas estão "ace­sas", mas as vasilhas estão vazias.
Muitos perguntam se haverá arrepen­dimento depois do arrebatamento da Igre­ja. Acreditamos que sim, mas mesmo que haja, ele será tardio com relação à participação das bodas, pois, a nosso ver, a porta estará fechada: 1 Co 15.51-54; 1 Ts 4.15-17. Alguns comentadores acham que era cos­tume ter-se moças durante um casamento que seguravam lâmpadas e cuidavam para que estivessem sempre acesas, provindo daí o maior brilho da festa. A maior alegria da igreja deve provir também do seu maior brilho espiritual.
Sobre o noivo tardar, acreditamos que a longanimidade de Deus espera que cada um se prepare em tempo e não na última hora. Ouviu-se um grito: é a trombeta de Deus que soará ajuntando o povo, seguida do alarido que caracterizará a alegria das bodas: 1 Co 15.52; 1 Ts 4.16. Lembremo-nos de que esse grito - essa trombeta - não é para preparação, mas para sair ao encon­tro do noivo, num abrir e fechar de olhos. Tentar "comprar azeite" depois disso será pura perda de tempo. Voltando à questão da semelhança com o reino, queremos lembrar que há igrejas muito "semelhan­tes" com a Igreja de Deus. Fazem tudo muito parecido, e quem olha de fora não percebe a disparidade entre ambos, não vê a diferença entre a verdadeira igreja e as apenas semelhantes. Isto tem levado mui­tas pessoas a perder tempo em igrejas que não produzem o novo nascimento de seus seguidores. Não os ensina a deixar o peca­do, a vaidade, os maus costumes. Durante anos a fio, essas pessoas continuam enga­nadas, pensando que o "azeite" é suficien­te e a sua decepção será horrível, quando constatarem o engano. A cena será indes­critível.
Após o sumiço dos que foram com o noivo, pelo arrebatamento, muitos procurarão examinar as Escrituras na tentativa de encontrar apoio para novamente fazerem parte do reino de Deus e poderão até provocar a própria morte pela pregação os­tensiva do Evangelho. A agonia será tre­menda, por constatarem que a oportunida­de passou. A lição final é que devemos es­tar, não somente preparados mas aviva­dos, esperançados, cheios do Espírito San­to, aguardando a vinda do Senhor.

O SELO DA PROMESSA


Uma das muitas obras do Espírito San­to é a de selar. Este serviço Ele o faz no momento em que a pessoa aceita Cristo como Salvador: "E tendo nele crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança", Ef 1.13,14. É oportuno dizer algo sobre o selo do Espírito Santo nesta dispensação. Mui­tos confundem selo com batismo, dizendo serem ambos uma mesma coisa. Não. O selo do Espírito é a garantia de que somos, a partir da nossa conversão, propriedade exclusiva do Senhor nosso Deus; e, como afirma Norman Harrison em Efésio, o Evangelho das Regiões Celestes, comen­tando Efésios 1.13 e 14: "Quando cremos, o Espírito procura assegurar o seu direito em nós. Este é o seu trabalho selador. A pala­vra selar tem três significados:
1. Uma transação terminada. É imutá­vel o selo de autoridade, é como quando o tabelião sela um feito ou qualquer docu­mento com selo governamental.
2.  Marca da posse. É como quando o gado ou as ovelhas na fazenda são marcadas, estabelecendo-se o direito de proprie­dade.
3.  Garantia de entrega segura. É como quando um pacote ou um carro é selado pela companhia transportadora. Isso proí­be qualquer embaraço que impeça o objeto de chegar ao seu destino. Em cada um e em todos esses sentidos, são os salvos do Se­nhor Jesus selados com o selo do Espírito. Quando Paulo fala do selo referindo-se à pessoa que crer no Senhor, ele evoca os costumes daquelas terras de os negociantes de madeira marcarem com o seu nome (se­lo) as toras; e quando os servos iam buscá-las não tinham dificuldade no reconheci­mento, por estar nelas gravado o selo do seu proprietário. O gado marcado com a marca do nome de seu senhor não podia de modo nenhum misturar-se com outro ga­do. Também o Espírito de Deus sela os crentes para não se misturarem com os mundanos: 2 Tm 2.19. Sendo ele o penhor da nossa herança, no dia da redenção sere­mos conhecidos pela marca que nos carac­teriza: 2 Co 1.22; 5.5. Precisamos da assis­tência do Paracleto celeste até o dia da nossa completa redenção. Nesse dia, o nos­so corpo será libertado de todos os males que ainda o afligem: Rm 8.23.

ÁGUIAS OU ABUTRES?


"Como se explica a expressão 'onde es­tiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres', de Mateus 24.28?"
Acreditamos que o texto em epígrafe •   está correlacionado com os últimos aconte­cimentos escatológicos. Trata-se, aqui, de fatos que sobrevirão, no tempo do fim, a Israel e aos gentios. Mas é preciso salientar, a título de estudo, que este versículo, embora muito breve, tem sido motivo de inú­meras interpretações, algumas das quais inteiramente equívocas. Observemos as opiniões de algumas das correntes sobre o texto:
1.  Cristo seria o alimento (a carcaça), e os crentes seriam os abutres. Assim pensa­ram Teofilacto, Calvino, Colávio, e Jerônimo, que encontraram na palavra "cadáver" até mesmo uma referência à morte de Cristo. Crisóstomo também defendia essa interpretação, chamando os participantes da assembléia de santos de águias. Alguns intérpretes modernos, como Wordsworth, têm-se lançado na defesa dessa interpreta­ção. Porém a simples leitura do contexto basta para mostrar a qualquer um que no versículo não há intenção de transmitir tal idéia, porquanto o tema do texto é julga­mento.
2. Tão inocente quanto essa é a inter­pretação que diz que o cadáver significa aqueles que morrerem para si mesmos (a crucificação espiritual) e que as águias são os dons do Espírito Santo. Isso está com­pletamente fora do sentido do texto.
3. Jerusalém e os judeus seriam os ca­dáveres que teriam atraído as águias roma­nas (assim pensam Lightfood, Wolf, e De Wette).
4.  O cadáver representaria os indiví­duos espiritualmente mortos, e as águias seriam os anjos vingadores enviados por Cristo, visto que, a expressão "cadáver" se deriva do verbo grego que significa "cair", e fala de um "corpo caído". O vocábulo português "cadáver", vem do vocábulo la­tino "cado" cair.
5.  Que o versículo em apreço está liga­do à batalha do Armagedom, por ocasião da revelação de Jesus em glória: Ap 19.11,12.
A par de todas essas correntes que fo­ram analisadas, existem, ainda, algumas considerações a ser ponderadas sobre o texto em pauta, com vistas a um maior esclarecimento.
No que tange à expressão "abutre" no versículo em apreço, algumas traduções dizem águias - expressão grega "aethos" que significa águia. Na realidade, nesse caso as "águias" são abutres, que os anti­gos aceitavam como uma raça de águias: Jó 39.30; Os 8.1. Trata-se do abutre que ul­trapassava a águia em tamanho e poder.
A águia representa símbolos diversos: de nação, de força, de poderio, etc. Segun­do alguns, o seu masculino (aguilão) quer dizer vento do norte. Esse mesmo vocábulo quer dizer trapaceiro, tratante, covarde. Esta ave é considerada pelos zoologistas como a rainha das aves, em razão de sua força e destreza, pelo seu domínio nas mai­ores alturas. Somente se lhe iguala o condor dos Andes. A águia pode ver a presa até 3 km de distância, como atestam os cientistas. A Bíblia se refere a esta ave (Dt 28.49,50; Jó 39.30), dando-lhe uma consi­deração especial, como é o caso do versí­culo em apreço. A águia tem todas as ca­racterísticas das aves que podem levantar vôo sem bater asas. É símbolo de auto-suficiência.
Alguns estudiosos crêem que o versícu­lo pode referir-se a uma poderosa nação (Dt 28.49,50) que virá contra o povo de Jacó: "O Senhor levantará contra ti [Israel], uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás, nação feroz de ros­to, nem se apiedará do moço". Já em Ezequiel 38, se nos diz que ela (uma poderosa nação) virá com os seus aliados, "e muitos povos virão contigo", v.6.
Outros teólogos concluem que o versí­culo em pauta tem duas interpretações: a literal e a simbólica. Diz literalmente, crendo na mortalidade que haverá nas ter­ras da Palestina, segundo Ezequiel 38. Diz simbolicamente, referindo-se às nações que virão para invadir a Palestina, com o fim de varrê-la da face da terra.
Outra forte corrente diz que na antigüi­dade os países e impérios consideravam-se fortes e usavam esta ave como insígnia; hoje muitos países ainda a usam como símbolo e sinal de poderio. Os Impérios Romano, Russo, Austríaco, e da França, adotaram a águia como símbolo heráldico. Damos a seguir alguns exemplos:
1. Napoleão Bonaparte, que usou o símbolo da águia, disse ao referir-se a Is­rael: "quem ficar com essa terra governará o mundo".
2. Império Romano Redivivo, que tam­bém adotou a águia como símbolo, marchará contra Israel, a fim de destruí-lo.
3.  A U.R.S.S., que tem como insígnia esta ave, virá do Norte com o objetivo de tomar os despojos e de arrebatar a presa (Ez 30.1-12) -sabe-se que de longe a águia avista sua presa - Assim a única terra a ser contemplada é a Palestina, não só pela poderosíssima nação, mas também pelos outros povos que estão ligados a ela: "Seus filhos, chupam o sangue e onde há mortos, aí ela está", Jó 39.30; Ez 38.6.
De todas essas correntes e declarações estudadas, o mais provável e o que mais se coaduna com o contexto bíblico, é que este texto se refere a um provérbio secular, usa­do por Jesus, dando-lhe uma nova aplica­ção. Esse provérbio significa algo como "onde houver motivos para julgamento, aí haverá julgamento". A declaração, portan­to, seria uma afirmação geral, acerca da inevitabilidade do julgamento que se tor­nava necessário e imperioso. No caso da volta de Cristo, Ele (Jesus) atacará os poderes do mal neste mundo, tanto indivi­duais como das nações. Ele destruirá o Anticristo com o resplendor de sua vinda. É uma lei geral que o julgamento cai onde deve, tal como os abutres se reúnem onde jazem os cadáveres.

O QUE É A ALMA?


A alma é distinta entre o corpo e o espí­rito, sendo imortal e imaterial. O vocábulo "nephesh" (Heb) é traduzido alma mais de 500 vezes no Antigo Testamento e "psy-chê" (Gr) mais de 30 vezes no Novo Testa­mento. Assim, a palavra alma aparece com vários sentidos nas Santas Escrituras tan­to figurativo como por Sinédoque. É nesse particular que se precisa muito cuidado, pois muitas falsas interpretações resultam daí, originando destarte falsos ensinos. É imperioso conhecer o sentido estrito e teo­lógico da palavra "alma", bem como os fi­gurados do mesmo vocábulo, como aparece no texto bíblico. Os animais também têm alma, mas muito inferior à do homem: Gn 1.20,21,24,28; SI 8.5-8; Mt 6.26; 1 Co 15.39-41. Note-se que a mesma palavra original "nephesh" é usada em Gênesis capítulo primeiro, concernente ao homem e aos ani­mais. A alma dos animais além das muitas inferioridades, acaba com a morte do bru­to, já a alma do homem é eterna. Além dis­so, Deus, ao criar os animais disse: "faça-se", mas quanto aos homens, disse: "faça­mos o homem segundo a nossa imagem e semelhança".
O nosso corpo é a "bainha" da alma; ela explora o ambiente ao nosso redor e recebe as impressões do mundo exterior por meio dos sentidos corporais: vista, ouvido, olfato. etc. A alma é a sede das emoções, paixões, desejos e sentimentos. A alma, por meio do espírito, põe-nos em contato com Deus e por meio do corpo põe-nos em contato com o mundo.
A alma é o ser social do homem. Por meio dela ele tem consciência de si mesmo. Sabe que é uma personalidade. Resta-nos saber que este vocábulo tem seis sentidos diferentes nas Escrituras, sendo um real e cinco figurados. São eles:
1.  0 sentido real. Isto é, "alma" signifi­cando alma mesmo.
2.  A alma significando o sangue: Lv 17.14; Dt 12.23. Isto apenas ressalta o valor do sangue, sem o qual o homem não pode viver. Quando se faz transfusão de sangue, não se diz que estão fazendo transfusão de alma, nem injetando alma.
3.  "Alma" significando o corpo, a pes­soa física: Gn 12.5; 46.27; Êx 1.5; 12.4; Lv 21.11; Nm 6.6; Rm 13.1.      •
4.  "Alma" significando animal: Gn 1.20. Aí, no original a palavra empregada é "nephesh". Se o sentido não fosse figura­do, entenderíamos por exemplo: "produ­zam as águas pessoa vivente", o que seria um contra-senso.
5.  "Alma" significando vida: Lv 22.3. Trata-se de sinédoque, figura de linguagem literária, em que a parte é tomada pelo todo. Alma é também chamada vida, porque é ela a parte mais importante do ser. Ela transmite vida ao corpo mediante o espírito.
6. "Alma" significando coração: Dt 2.30. Ora, sabemos que o coração é um órgão como os demais, de carne, que bom­beia o sangue através do corpo. Tudo o que se atribui ao coração o é figuradamente. A referência mesmo é a alma: 1 Rs 8.17; SI 14.1; Mt 9.14; 1 Co 7.37.